Será que o que você quer é mesmo seu?

Você quer isso porque faz sentido pra sua alma ou porque o mundo te convenceu que deveria querer? Um texto sobre desejos, ego e autoconhecimento.

OLHAR FILOSÓFICO

Caminhante estoico

4/17/2025

Tem desejos que parecem ser nossos… mas não são.

Você já parou pra se perguntar por que quer tanto certas coisas? Por que corre atrás de algo com tanta pressa, tanta força, tanto foco?

Será que esse desejo nasceu dentro de você? Ou será que foi colocado aí — por comparações, pela internet, por padrões sociais, por ego?

Às vezes a gente persegue algo por anos e, quando finalmente alcança, sente um vazio. Como se tivesse subido uma escada longa… encostada na parede errada.

Isso acontece porque nem tudo que você quer, de fato te pertence.

Você pode estar lutando pelo sonho de outra pessoa.
Pode estar sofrendo por não alcançar algo que nunca quis de verdade.

Marco Aurélio escreveu: “Muito do que desejamos é ruído — reflexo do que os outros dizem que é valioso.”

E esse ruído é perigoso. Ele disfarça carência de propósito. Ele grita onde deveria haver silêncio. Ele empurra onde deveria haver pausa.

Você diz que quer vencer. Mas vencer o quê? E por quê?
Você diz que quer ser visto. Mas por quem? E pra quê?
Você diz que quer “chegar lá”. Mas onde é “lá”?

Será que o que você quer é mesmo seu? Ou é só mais um peso emprestado?

Muita gente vive frustrada por não alcançar metas que nem foram criadas por elas mesmas. São expectativas herdadas. Vontades copiadas. Referências sem raiz.

E quando não se alcança, vem a culpa. Mas como culpar-se por não alcançar algo que nunca foi autêntico?

O estoicismo nos convida a voltar ao essencial. A perguntar: “O que eu realmente controlo? O que me traz paz? O que é bom para minha alma, e não só para minha imagem?”

Sêneca disse: “Não é livre quem vive escravo dos seus desejos.”

E se seus desejos te deixam ansioso, inquieto, esgotado, talvez esteja na hora de revisá-los.

Não é errado querer. Errado é viver perseguindo coisas que te afastam de quem você é.

Você pode querer sucesso, desde que saiba o que significa sucesso pra você — e não para o Instagram.
Você pode querer paz, desde que aceite que a paz não combina com pressa.
Você pode querer amor, desde que entenda que amor de verdade não exige que você deixe de ser quem é.

Você não precisa querer o que todo mundo quer.

Você pode abrir mão de metas que não te fazem bem. Pode deixar ir planos que não fazem mais sentido. Pode mudar de ideia. Pode descobrir que, no fim das contas, você só queria ser aceito — mas hoje quer ser inteiro.

E tudo bem.

Você não é o que deseja. Você é o que escolhe manter. O que escolhe abandonar. O que escolhe ser quando o mundo para de aplaudir.

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Então respira. Revisa o que você quer. E pergunta de novo: isso nasceu de mim? Ou me venderam essa ideia?

Você não precisa viver correndo. Às vezes, parar é a única forma de voltar a ser dono de si.

Será que o que você quer é mesmo seu?
Ou é só mais uma distração te afastando do que você já tem?