Errar Também Faz Parte do Caminho: A Filosofia Estoica e a Perseverança

Reflexão sobre a importância de aceitar os erros como parte do processo e continuar firme na jornada, com base na filosofia estoica. O texto mostra como a persistência, o autocontrole e a clareza são virtudes fundamentais para enfrentar as quedas e recomeçar

OLHAR FILOSÓFICO

Caminhante Estoico

4/3/2025

Na busca por uma vida com mais propósito e equilíbrio, é comum esbarrarmos em nossas próprias falhas. Tentamos mudar, tentamos melhorar... e falhamos. Quantas vezes você já começou algo com determinação e depois parou no meio do caminho? Quantas vezes desistiu porque se sentiu incapaz, ou porque caiu novamente em um velho erro?

A filosofia estoica não vê o erro como o fim do caminho, mas como parte inevitável da caminhada.

Para os estoicos, a virtude não está em nunca falhar, mas em escolher, dia após dia, levantar-se com coragem após cada queda. Epicteto nos lembra: “O que importa não é o que acontece com você, mas como você reage ao que acontece com você.” Ou seja, não é o erro em si que define quem somos, mas a decisão de continuar apesar dele.

Errar não significa fraqueza. Significa tentativa. E tentar, na maioria das vezes, já é um ato de força. Em um mundo que cobra perfeição e resultados imediatos, ser paciente consigo mesmo e recomeçar com humildade é quase um ato de rebeldia — e um exercício de liberdade interior.

Você já se culpou por ter desistido no passado? Já pensou que não era bom o suficiente porque falhou em algo que queria muito? Quantas vezes você parou por vergonha de ter errado?

Os estoicos nos ensinam que devemos separar o que podemos controlar do que não podemos. O erro já aconteceu — ele está no passado. O que está sob seu controle agora é sua atitude diante dele. Você pode se lamentar eternamente ou pode respirar fundo e tentar de novo. Recomeçar com um pouco mais de sabedoria. Com um pouco mais de autocontrole. Com um pouco mais de serenidade.

A constância é uma virtude estoica que merece atenção. Persistir no bem. Insistir na disciplina. Voltar para o que importa. Mesmo depois do tropeço, mesmo quando parece que ninguém está vendo. Porque no fundo, quem precisa ver é você mesmo.

Na prática, isso pode significar retomar os estudos que você abandonou. Ou voltar a cuidar do seu corpo, da sua mente, da sua rotina. Pode ser pedir desculpas e tentar novamente um diálogo. Ou simplesmente, levantar da cama num dia difícil e cumprir o básico.

A perseverança não se mede por grandes feitos. Mas pelos pequenos atos repetidos com intenção.

Marco Aurélio escreveu: “Se você tropeçar, levante-se imediatamente. E se puder, não se envergonhe de recomeçar mil vezes.” Essa é a essência da coragem estoica: recomeçar.

Isso não quer dizer que será fácil. O desconforto virá. A culpa poderá bater. Mas isso também passa. O importante é não se deixar definir por um erro, por uma recaída, por um dia ruim. Somos muito mais do que nossos fracassos — somos a soma do que fazemos com eles.

Você já percebeu que, muitas vezes, o erro te ensinou mais do que o acerto?

O estoicismo nos convida a aprender com as quedas, a observar com clareza onde erramos, e a não transformar o erro em identidade. Você errou — mas você não é o erro. Você caiu — mas você pode levantar. Sempre pode.

E mesmo que o mundo diga o contrário, mesmo que os outros duvidem, a sua força começa quando você decide continuar. Silenciosamente. Firmemente. Internamente.

Se você está tentando mudar de vida, sair de um vício, melhorar sua rotina, estudar, crescer... e já falhou nisso antes, saiba: você está no caminho. Porque o caminho de verdade inclui tropeços. Mas também inclui recomeços.

O Caminho Estoico é esse lugar. Aqui não exigimos perfeição, mas encorajamos a disciplina. Aqui não cobramos resultados imediatos, mas valorizamos quem não desiste de tentar de novo.

Continue andando. Mesmo devagar. Mesmo errando às vezes. Você não está sozinho.